Um grupo de cientistas da Universidade Flinders, na Austrália, publicou um artigo alertando que a humanidade estaria “quase condenada” por conta de suas próprias atitudes. Segundo os estudiosos, a escala das ameaças motivadas pelas mudanças climáticas e a perda da biodiversidade induzida pelo homem pode ter efeitos ainda mais graves do que se imagina atualmente.
No estudo publicado na revista Frontiers in Conservation Science, os pesquisadores alertam para um “futuro medonho”, que envolveria uma extinção em massa e até mesmo o fim da nossa espécie. “A humanidade está causando uma rápida perda de biodiversidade e, com ela, a capacidade da Terra de sustentar vidas complexas”, disse o autor principal e ecologista, Corey Bradshaw.
Os pesquisadores afirmam que os líderes mundiais precisam de um “banho frio” sobre o estado ambiental do planeta, tanto para melhorar o planejamento, quanto para ações efetivas para evitar que esse futuro seja de curto ou médio prazo.
“O mainstream está tendo dificuldade em compreender a magnitude dessa perda, apesar da erosão constante da estrutura da civilização humana”, declarou Bradshaw. “Na verdade, a escala das ameaças à biosfera e todas as suas formas de vida é tão grande que é difícil de entender mesmo por especialistas bem informados”, completou o professor.
Principais agravantes
Para Bradshaw e sua equipe, a humanidade ter chegado nessa situação se deve a um pensamento que não coloca as questões ambientais como prioridade. “O problema é agravado pela ignorância e pelo interesse próprio de curto prazo, com a busca por riquezas e interesses políticos atrapalhando a ação que é crucial para a sobrevivência”, disparou o especialista.
Já para o professor Paul Ehrlich, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, um dos coautores do estudo, nenhum sistema político, econômico ou liderança está pronto para lidar com os desastres que devem acontecer. Segundo ele, sequer seria possível se preparar para os desastres previstos para o nosso futuro.
“Parar a perda de biodiversidade está longe de estar no topo das prioridades de qualquer país, ficando muito atrás de outras preocupações como emprego, saúde, crescimento econômico ou estabilidade monetária”, reclamou o acadêmico.
Sem medo da impopularidade
Outro autor do artigo, o professor Dan Blumstein, da Universidade da California em Los Angeles (UCLA), declarou que os cientistas não estão mais economizando nas palavras ao emitir alertas sobre os riscos ocasionados pelas mudanças climáticas. Segundo ele, isso está acontecendo porque a vida humana literalmente depende de uma mudança urgente de atitudes.
“O que estamos dizendo pode não ser popular e, de fato, é assustador. Mas precisamos ser francos, precisos e honestos”, disse Blumstein. “A humanidade precisa entender a enormidade dos desafios que enfrentamos na criação de um futuro sustentável”.
Para o professor, se faz necessário desacelerar o ritmo do aumento do consumo humano e que a utilização dos insumos seja feita de forma mais sustentável. Porém, o especialista não vê isso acontecendo e nem os governos tomando medidas para mudar o jogo. “Quando compreendermos totalmente o impacto da deterioração ecológica, será tarde demais”, alerta o cientista.
Com informações do Futurism e SciTech Daily